Prestes a completar 10 anos de carreira (pasmem, é verdade), Pedro Lourenço, 21, é sem dúvida o maior fenômeno da moda brasileira. Não por suas vendas, que ainda engatinham no mercado internacional — seu principal foco —, mas, aos poucos, as roupas do rapaz conquistam espaços cada vez maiores em lojas de departamentos do porte de Barney’s (Nova York), Browns, Joseph e LN-CC (Londres), I.T. (Hong Kong, Xangai e Pequim) e Corso Como (Milão), feito raríssimo até para estilistas mais maduros e experientes.
De olho na aceitação global, Pedro não faz uma moda literalmente com traços brasileiros — eles aparecem mais nos tweeds de lã, nos bordados de canutilhos, no apreço pela arquitetura orgânica das roupas. Às vezes, pode parecer que ele bebe demais nas grifes-cabeça de Paris, onde ele desfila há quatro temporadas. O que se viu, felizmente, na apresentação de seu pré-inverno 2012 (o inverno será apresentado na capital francesa no final de fevereiro), nesta manhã, em seu recém-inaugurado show-room de São Paulo, é que Pedro está trocando aos poucos as amarras “imperialistas” por uma originalidade imperial.E o jovem imperador da moda brasileira foi buscar na Patagônia e no Deserto do Atacama, no Chile, seu ponto de partida. O belo trabalho de estampas de glaciares e paisagens do Cone Sul, os recortes no veludo molhado e no feltro, o excepcional acabamento na estrutura da alfaiataria, as curvas sinuosas que se espelham das blusas para as saias, usando a cintura como eixo de simetria e os pelos de mohair tratado evidenciam a maturidade desse filho de grandes estilistas (Glória Coelho e Reinaldo Lourenço) que encarna um raro bem-sucedido exemplo de dinastia das agulhas. Tema gelado, resultado quentíssimo.
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